sábado, 9 de janeiro de 2010

Música e poesia por Djavan.





Moacir: Quais foram as suas influências musicais? De que água você bebe?

Djavan: Eu bebi de todos os rios que encontrei à minha frente, sempre respirei música.

Eu nasci numa família muito cantante. Em casa aquela coisa de passar o dia cantando fazendo o trabalho da casa,fui criado neste clima.

Eu me criei assim, sou uma pessoa muito observadora, sempre tive a música no sangue, nunca fiz outra coisa na minha vida.

No Nordeste, em Maceió, a região que eu nasci, o que predominava era a música nordestina através de Luís Gonzaga, por exemplo, que é talvez a minha maior cama. Jackson do Pandeiro e Dorival Caimmy.

Depois vieram bossa nova, jazz, clássico, Nelson Gonçalves, Ângela Maria e Beatles.

Eu tive uma formação musical muito diversificada, eu caí por todos os caminhos. Eu acho que a música tem que ser uma coisa abrangente, sem mistérios, sem segredos e a minha formação foi sempre assim muito diversificada.

Depois que descobri a África foi uma coisa ¨mimosissíma¨. Pude observar o quanto tinha de identidade. O quanto conheci naqueles cantos africanos, através do que minha mãe cantava. Minha mãe também fazia música, para ninar os filhos, aquela coisa bem carinhosa do nordeste.

Quer dizer que a minha formação musical é essa, uma coisa bem heterogênea.

Moacir: A poesia é sempre muito marcante, muito forte no seu trabalho. De onde vieram as influências literárias?

Djavan: Primeiro tem como base uma grande formação de cordel. Porque como nordestino que sou é infalível. O cordel está presente nas feiras, nas festas, etc. Depois vieram os grandes poetas como Drumond, José Lins do Rego, Bandeira, Pablo Neruda. Depois fui conhecendo os poetas europeus.

O Drumond, talvez, seja o poeta que mais me fascina. Tem uma mulher que me fascina muito, que é a Adélia Prado, uma poeta mineira, fantástica. Leio muita poesia, é minha leitura preferida.


Texto de entrevista inédita realizada em 1986.

Moacir Oliveira