terça-feira, 23 de setembro de 2008

Joelho de Porco







Andando nas ruas do centro, cruzando o viaduto do Xá...”

Trinta anos depois, vou aos meus discos de vinis para ouvir as bandas de rock dos anos 70, e para minha surpresa,descubro na capa do disco do Joelho de Porco a data: 10 12 1976. Comemorava exatamente ,30 anos que ganhei o disco "São Paulo Hoje". (autografado)

Das bandas que ouvi, nos meus primeiros dias de rock, o Joelho, com certeza era a que eu mais curtia, não só pela veia cômica,mas também pela crítica social aguda, que o grupo fazia: de São Paulo, de nossa rotina de paulista,que é assaltado no viaduto do Xá e "Sexta feira aluga Kombi,vai lotada pra Imigrantes,para um piquenique em Praia Grande...”, aos domingos, vai ao aeroporto de Congonhas:"Só pra ver avião descendo,só pra ver avião subindo...”
Ganhei o disco,após paticipar de um "concurso" de dança promovido pela banda no lançamento, à Meia-Noite no teatro Ruth Escobar, foi uma madrugada divertidíssima.
A banda capitaneada pelo saudoso Tico Terpins, nos deu um banho de bom humor,que naqueles anos a muito nos faltava.
Trabalhando de office boy,e andando pela cidade diariamente, as músicas do disco, passaram a ser a trilha sonora das minhas idas e vindas pela metrópole.
A crítica irônica: à violência, aos trombadinhas, à poluição da cidade, eram inspirações, para letras criativas bem diferentes das que as bandas de rock apresentavam.
É claro, que a assimilação das letras, não foi imediata, mas com as audições dos compositores brasileiros, compreendi o porquê daquela fusão de rock e samba no final de: "Debaixo das Palmeiras".(Próspero Albanese e Tico Terpins)
Era referência à música brasileira dos anos 40, do tempo da censura do Getulio Vargas, dos sambas que exaltavam: as belezas e as riquezas naturais do país. Através do rock, retornavam à crítica às influências da indústria cultural americana, que norteavam nossa formação.Tema abordado por Noel Rosa na década de Trinta no samba “Cinema Falado” .
A fusão do final da música, antecipa-se em treze anos ao arranjo de “Brasil” ( Cazuza), tema de abertura, da novela Vale Tudo,na interpretação de Gal Costa.
O joelho,Inspirou à vanguarda paulistana, dando as diretrizes de muito do que ouviríamos anos depois. Retomava com sua tragicomédia, uma tradição de nossa música que estava anestesiada: o bom humor.
Sustentava à base, da boa e criativa música Paulista do ininicio dos anos 80, principalmente no som do Língua de Trapo e do Premeditando o Breque.

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