terça-feira, 29 de setembro de 2009

A primeira passeata,agente não esquece


Pelos jornais, eu acompanhava à política brasileira, e numa matéria curta, li a noticia que no Rio, os estudantes haviam feito uma greve , contra a falta de verbas para a educação.Eu era menssageiro da FIESP,e numa tarde, alguns dias depois desta noticia , estava indo entregar uns documentos, no centro novo, Rua Barão de Itapetininga, e reparei que havia muitos policiais nas imediações do largo São Francisco,onde fica, Universidade de Direito.



Passei a andar mais devagar e quando me aproximei da faculdade,ouvi gritos de protesto,que clamavam por melhores verbas nas escolas públicas,lembrei da matéria e pude concluir que aquela era a mesma manifestação,ocorrida no Rio,resolvi tirar a gravata e num misto de medo e curiosidade,fui me aproximando dos estudantes e comecei a caminhar, como parte integrante do movimento.Ao chegarmos à frente do prédio do “Banespinha”, (hoje, sede da Prefeitura de SP), de fronte ao viaduto do Chá, avistamos o pelotão de choque e a Cavalaria à nossa frente, fazendo uma forte barreira, para impedir que a passeata continuasse.



A passeata parou por alguns segundos, fez silêncio e novamente, iniciaram-se as palavras de ordem e com as faixas empunhadas com mais coragem.,os estudantes começaram a gritar: “Abaixo a ditadura!”. “O povo unido jamais será vencido!”.Perplexo, começando a entender o que estava ocorrendo. Parei e fiquei pensando: devia ou não prosseguir com os estudantes?.O centro, lotado de curiosos, logo começou um enorme corre-corre.



Sem saber o que se passava os transeuntes que caminhavam ao lado da passeata dispersaram-se,pois os policiais começaram a vir em nossa direção, para que voltássemos para largo São Francisco.Os estudantes aos gritos continuaram a passeata, cada vez mais decididos, em direção ao Teatro Municipal. Respirei fundo, em meio à confusão e decidi continuar com os estudantes.



Quando o forte batalhão viu que não desistiríamos, começou a lançar bombas de gás lacrimogêneo, e dar bordoadas de cassetete no grupo de estudante que iam à frente.Distante das passeatas,proibidas, não contávamos, com a repressão tão violenta por parte dos militares. As bombas de gás conseguiram debelar a passeata, apesar de alguns estudantes tentarem reagir.



Mas, não adiantou , alguns foram presos outros levemente feridos.Corri para frente do Teatro Municipal ,coloquei a gravata,segui para meu compromisso.



Alguns dias depois a policia sob o comando do Secretario de Segurança Pública de São Paulo, Coronel Erasmo Dias,num ato de totalitarismo ,invadiu a PUC de São Paulo.Causando um desconforto generalizado na sociedade.

Mas, o perigo rondava toda a cidade, em Americanópolis ,bairro onde eu morava.


tal qual toda periferia, tornou-se, difícil circular à noite nas ruas.Havia o perigo constante de ser morto pelo esquadrão da morte grupo de extermínio, que faziam justiça com as próprias mãos,sob pretexto que estavam, fazendo um favor social, exterminando bandidos, mas nestes atos impensados e autoritários muitos inocentes morreram confundidos com bandidos.


Por conta disso, durante um longo período vivemos um “estado de sitio” extra-oficial.

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