domingo, 1 de novembro de 2009

Sérgio Sampaio em Sampa.


Em 78, O teatro Nidia Licie na Av.Domingos de Moraes(próximo da estação Santa Cruz do Mêtro) apresentou uma série de shows.Entre eles um muito especial de Sérgio Sampaio, do qual eu conhecia apenas duas músicas,mas na ancia voraz de conhecer tudo que me parecia interessante fui vê-lo ao vivo.

Sérgio Sampaio,era um dos compositores listado entre os “Malditos”,por desenvolver a carreira à margem do que queriam as gravadoras, e não se curvar às exigências do mercado.

Sérgio nesta apresentação cantou e tocou violão acompanhado pelo violonista Renato Piau.

No repertório: O sucesso que tocou em todo país, depois da apresentação inesquecível do Festival Internacional da Canção de 72,que apesar de não ter ganho o festival marcou profundamente, aqueles duros anos de repressão.O Maracananzinho cantou num fortíssimo: “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua” e mais “Cala boca Zé Bedeu”e “Que Loucura” ,com uma letra que resumia sua próprias experiências de interno, que se repetiria diversas vezes em sua vida, na tentativa de se livrar dos vícios de cocaína e álcool , “Fui internado ontem,na cabine 116 do hospício do Engenho de Dentro só comigo tinham dez...”.

Esta foi uma das raras apresentações de Sérgio em São Paulo,pois devido sua vida totalmente desregrada, não teve muitas oportunidades de mostrar seu trabalho, o que para música brasileira foi uma perda irreparável.

Ao final do show fui ao camarim,e Sérgio muito animado com o carinho da platéia paulista, lamentava o fato da industria fonográfica e os meios de comunicação,não se interessarem, em promover nada que não fosse de consumo imediato, e sua música não tocava nas rádios,e a alcunha de Maldito,lançava a sua obra e de outros grandes compositores de sua geração,como Jorge Mauthner , Luis Melodia e Walter Franco ao ostracismo musical brasileiro, cooperando ainda mais com à censura instalada naqueles anos e que devia ser combatida e não estimulada pelas gravadoras e conseqüentemente pela mídia.

Durante essa conversa lembrei da música de Gilberto Gil. “Essa é pra tocar no rádio”.
E Sérgio perguntou a todos que ali estavam: “Alguém já ouviu esta do Gil no rádio?”
Todos responderão:Não. Gargalhamos com a triste situação.

Moacir Oliveira

Texto inédito do livro que estou escrevendo sobre MPB.

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